quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Meses áridos II: Papéis na mesa

Dentre dunas, monto uma tenda. Talvez imaginária, quem sabe? O sol incide sobre os papéis na mesa. Mas o sol some, e tudo começa a tomar um formato cúbico. Um forno. Um escuro forno. Quero sair, fazer dos papéis em minha mesa aviões. Buscar, no tempo tardio o elixir. Dádiva da amizade.

Mas os papéis se acumulam, trepidando sobre a fraca ventania de um rotor, sobre a mesa. O deserto se desfaz. Isolado, como se estivesse pendurado por um cabo de telecomunicação. Parece não ter portas.

Do lado de fora está o elixir. Cura certa para as paredes do quarto. Mas parece não estar mais sequer a venda. Desse modo, não faço de avião os papéis que me fazem companhia, como notas fiscais do elixir. Tudo morre sob a mortiça tela de um terminal.

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