Badaladas indefinidas, assíncronas, descontinuas. A Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat marca sete em ponto, hora da missa, em uma manhã nublada. O céu exibia um cinza de feição inglesa. A igreja representa o último traço da civilização em um local nada deve a uma aldeia bárbara européia.
As incertas badaladas das sete são, por certo, uma espécie de último suspiro. Uma imprecisa e difusa afirmação de valores, mesmo que os monges não vejam dessa forma. A grande aldeia se aquece, comércios abrem e todo o vazio noturno retrai-se, dando a deixa a mesma medíocre vida suburbana, que irriga a cidade, como resultado da intensa migração diária.
No humilde captólio da igreja, o sol refrata, como traço de esperança. Quem dera! A realidade da falsa urbe trás consigo uma invísivel poeira. Uma poeira das ruínas do Parthenon, uma poeira a qual retornaremos, visto o rumo da raça humana.
A poeira está envolta no andar das pessoas, que, como em um campo de guerra, correm pulando os ponteiros do relógio, em uma desafiadora tentativa de sobreviver. Está envolta nos ônibus, nos carros, nos caminhões, sob as trevas da irracionalidade admnistrativa. Envolta nos telhados, nas janelas, e nas mesas dos bares, nas pessoas que ficam no tempo sem serem lembradas.
Mas nem tudo é trevas. Na base, nas entranhas de toda a irracionalidade, em um lugar perdido, envolto na mesma poeira das teses modernas, porém tão modernas que não são modificadas a anos, apenas contantemente aplicadas, no coração de tudo isso, ainda vejo luminosos raios prateados, entendam como quiserem.