domingo, 25 de dezembro de 2011

Meses áridos IX - Luzes reluzentes

Os cantos da salas não mais obscuros serão sob os intermitantes piscas natalinos enroscados em pinheiros de plástico. Formas diferentes de cores para dizer o mesmo. A data chegou. Embora não seja nada a prova da dura decadência, ainda é possível se esperar que, mesmo dentre tantos feudos, permanecemos unidos. Que, apesar da distância, permanecemos ligados.

A telecomunicação nos brindou com a possibilidade ímpar de compartilhar mais ainda os momentos, por mais simples que sejam. Seja por texto ou por voz, por terra, ou por satélite. Nesse momento tudo deve soprar contra as rusgas pequenas e suburbanas que assolam nossas vidas como tempestades.

Nesse momento, o tempo árido, seco, impiedoso não faz frente à forte presença dos amigos, o tão celebrado elixir dos posts anteriores. Questionem Jesus, questionem o velhinho... Mas não esqueçam de chama-los para uma cerveja! No natal, uni-vos todos. E paremos com as rusgas de subúrbio. Raras oportunidades podem nos mostrar o quanto ser mundano é importante.

Um brinde a todos os leitores, às telecomunicações, aos amigos, e tudo o que converge para tão delicioso momento. Meus caros revolucionários de Facebook, se não querem datas comerciais, não comprem nada. Saibam ser dialéticos, saibam aproveitar o momento. De revoltados o mundo já está cheio, tudo o que as pessoas querem nesse momento é mostrar que todos os piores acontecimenos não são suficientes para separar pessoas.

Um natal de vento em popa e uma grande virada de ano a vocês, caros leitores e amigos.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Meses áridos VIII - Cartas na mesa

Baralhos, telas, fichas. Não há nada como, independente da ruína que se faz presente, jogos. E na areia quente, é um ás de espadas, um nove... Depois, o cair da noite, tudo parece estar melhor, mas não sela, entretanto, a brecha.

É como um contorno ao ver que todas as portas se fecham. As horas passam mais rápido, o elixir parece não fazer tanta falta... Justamente porque a ação te faz parecer mais vivo. Como pessoas, temos necessidade de nos sentirmos vivos. Não importa como.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Meses áridos VII - A mensagem

Nesses tempos de tanta comunicação nada é fácil. Mas nada há de ser tão difícil quanto a aspereza da incompreensão. Bem, talvez isso não chegue a ser praga tão relacionada aos tempos modernos, é verdade. O fato, entretanto, é que aflige.

O vento desértico que sopra pelo telhado em nada esfria a caldeira que há abaixo de vigas tão mornas, tarde afora. Se nada pode esfriar o que derrete as engrenagens do sistema. Já é, por certo, esperado que não se consiga ordenar tão bem as cartas deste infinito jogo de palavras.

Mas, como não dedico praticamente nada a ninguém em especificidade estas vazias palavras, abundantes em forma, protetoras de um frágil batimento cardíaco, vou deixar a livre câmbio a interpretação de todo o escrito. Quem me conhece, por certo não me deixará mentir.

Porém, ainda acredito que, como tudo tem sua razão de ser, escrever isto não é diferente. E para palavras tão polidas em embrulhadas existe uma impressão aguda de uma ruína virtual, porém, certas vezes, bastante desesperadora.

Meses áridos VI - A noite anterior

Ao horizonte distante, em uma densa cidade, e, portanto invisível, estão malas. Todos em seus devidos meios de transporte, para longe vão. Longe do árido deserto, da cálida mesa caseira. Brindam o sucesso formidavelmente. Em suas malas, taças e melhores roupas. Com suas famílias vão, para bem, comemorar o santo feriado. São dados por mim e por qualquer outro, votos de uma feliz nova página, ou, quem sabe, um novo capítulo.

Mas restam para trás tantos laços folgados, tantos desânimos. E em terras distantes estão, dançando os passos de uma animada canção de final de ano. Entretanto, ninguém dançará a dança da chuva. Mas há um espírito que clama pela luz, relegado a uma ruína subterrânea de tantos séculos. Um espírito que abraça todos em tão célebre data.

Mas, dentre tanta feudalização social, só há trato. Não fino trato. Basicamente, todos em seus barcos. Não importa com quantos remos queres remar. Mas isso, infelizmente, depende do barco, e não de seus passegeiros. E são esses barcos que viajam. Oh, subúrbio... Por que eres tão medieval?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Meses áridos V : Ao cair da tarde

O quente cair da tarde se faz sentir em qualquer paisagem. Nesses tempos de verão tropical, nada é tão simples. Os miolos parecem fritar, e contribuem para que qualquer aridez temporal, mental ou física torne-se pior.

São meses de recesso escolar, estamos próximos a uma data muito comemorada. Mas o árido deserto determina que tudo há de ser plano, um plano instável. A qualquer cair da tarde, a ausência do idealizado elixir se faz presente como parte de um contínuo movimento. Entretanto, a possibilidade de suprir ou não se tornará bastante complicada, e nada haverá para compensar.

A ruína parece exibir suas garras sobre a valiosa bebida. E toda essa ruína não depende exclusivamente do tempo. Ou talvez não dependa nada do tempo. São apenas coroas metálicas.

De qualquer forma, ruína alguma vai destruir o valor que cada gota tem para mim. E ruína alguma há de desviar célula alguma dos meus caminhos. O tempo não é justo, nós somos.

Meses áridos IIII (IV) - O córrego de elixir

Os pés doíam sobre a escaldante areia. Nem importava mais como se estava. O importante parecia ser sobreviver. Ecnontra-se um riozinho ao sopé do morro. Elixir? Certamente. Entretanto estava ali apenas para constatar um erro, recuperar as forças, mas não extinguir a aridez desses tempos.

Porém, este curso d'água era escuro, taciturno, e podia, muito bem, trazer presságios de uma tempestade. Mas uma tempestade árida. Fazendo de qualquer alma churrasco sobre brilhante manta desértica.

Abri minha janela suburbana, observei o quintal por alguns segundos. Não vi nada além da medíocridade a que nos relega o tempo. Mas o tempo nos prega peças, nos dirige a grandes enganos e nos colide contra o espaço, na grande fenda espaço-tempo. Essas peças fazem certos tipos de elixir se tornarem drogas.

Como dependência, são males. Mas há males que vem para o bem, mas, novamente, é faculdade do tempo decidir os resultados. Mas, por enquanto, o presente, e suas racionalidades parcamente explicáveis, dá um pequeno rio para quem pensou não encontrar mais outro matiz. Mas uma gota desse rio pode se tornar muito significante, em quaisquer outras paisagens temporais.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Meses áridos III: Dimensões derretidas

Como em siderúrgica. O rotor e seu fraco vento tenta, com parcial sucesso espantar o calor físico, a medida que a alma tenta desbastar o deserto temporal, que, não importa o cenário, finca suas queimaduras sobre as doces memórias de um recente, mas distante inverno.

Uma neve que nunca caiu, se une ao azul esverdeado do elixir, como água marinha dos desenhos. Mas, se este cai como chuva ou se falta, o tempo, como força transcedental determinará.

O que pretende tal força consertar, destruindo o menor traço de esperança a bater no peito?

Nesse momento, o tempo derrete-se e funde-se com a terrena divisão sensorial, afim de aumentar a sensação de que tudo está as moscas, secando ao sol. Fazer fritar o portador da consciência, tortura-lo.

Forças me ajudaram a derrotar o escuro calabouço de tempos atrás. Mas me deixaram ao ver que estava tudo bem. E assim tudo começa a morrer.

Meses áridos II: Papéis na mesa

Dentre dunas, monto uma tenda. Talvez imaginária, quem sabe? O sol incide sobre os papéis na mesa. Mas o sol some, e tudo começa a tomar um formato cúbico. Um forno. Um escuro forno. Quero sair, fazer dos papéis em minha mesa aviões. Buscar, no tempo tardio o elixir. Dádiva da amizade.

Mas os papéis se acumulam, trepidando sobre a fraca ventania de um rotor, sobre a mesa. O deserto se desfaz. Isolado, como se estivesse pendurado por um cabo de telecomunicação. Parece não ter portas.

Do lado de fora está o elixir. Cura certa para as paredes do quarto. Mas parece não estar mais sequer a venda. Desse modo, não faço de avião os papéis que me fazem companhia, como notas fiscais do elixir. Tudo morre sob a mortiça tela de um terminal.

Meses áridos

A terra arde diante aos olhos, como sob efeito de uma poderosa esfera de fogo. O próprio pedaço do sol, no deserto tempo. O imenso e doce mar temporal aporta em qualquer praia. Espontaneamente, o mar recua, como maré amplificada em caminho reverso. Um forte vento vento quente sopra da esfera. Junto com o árido e fervente clima de tal deserto temporal.

Parece que todos morreram. Sobra você. Você, por dunas, miragens, sem um pingo do doce elixir que compõe o bravo mar temporal. Mas a fúria do mar de agosto compensa, por ser a fonte dessa doce dádiva.

O elixir que te trás vontade de continuar em pé, mesmo que a situação empurre para baixo. Mas tudo parece sumir, a fúria do mar cessa. Todos esperam isso. Mas todos carregam consigo um pequeno cantil de elixir.

E se você não tinha cantil? Morre. Deixando apenas uma pálida imagem na tela, a qual todos ignoram. As premissas de que o mar iria secar foram acertadas, temia ter que dizer isso. Espero estar enganado.