Manhã típica. As aves gorjeiam, assim como os urubus de Monte Serrat. O ronco grave dos motores dos ônibus lançam ao ar uma tênue e perigosa cortina negra. Cortinal tal qual um charuto que se fuma de modo involuntário. O que será tabaco perante à cortina colorida com o preto do óleo?
Salto do carro de bois. Bois ou pôneis, condução ou lotação, deixo-lhes a seus critério a definição. A cidade toda se extende aos olhos de uma forma não usual. Ela está em ruínas. Sim, em ruínas. O solo rachado pelos trabalhos é marcado pelo surrado manto escuro que reveste as estradas da urbe. Urbe esta que não resiste à canibalização diária.
Prédios vitrificados como o olhar de seus donos se esvaziam, o núcleo se recua, se recusando a se posicionar ao centro, como que se todos houvessem sido atingidos por um artefato nuclear. Tudo isso é ruína. Ruína de alma, da mente da gente que habitou esta tão surrada terra.
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