É um final de verão. Tempo fechado, chuva forte e constante de um dia cujo o sol haveria de se por mais cedo. Não pelo horizonte, mas por intermédio de belas, mas perigosas, nuvens. O arrastado voar das nuvens cumulus nimbus dava o veredicto de um penoso dia.
Mas era só um reflexo. Já tinha acontecido. Por motivos simples, e por incompreensão mútua, uma deusa tornaria o dia um penúria... E quem sabe tornasse tudo penúria, até o final desses tempos? Não inútil obra do acaso, o aspecto bucólico da chuva se contrapõe com o aspecto calmante.
Como nós, os céus também choram e, talvez, sejam os únicos que conosco chorem, nesses tempos. Mas há de vir, com o seco nublado do inverno, a calma e a paciência que nos falta no pegajoso e repugnante verão tropical.
Mas a ausência das lágrimas não significa resolução e a batalha é, de qualquer forma difícil. Não basta seca-las. E elas não hão de parar naturalmente, se é essa vida tão cheia de permeios e esse mundo tão diferente de nossos sonhos.
Vivemos em mundos diferentes, digo à Deusa. Nosso universos por algum acaso se colidiram e tudo o que veio com ele ameaça ser o maior dos deleites, mas no caminho, promete os mais terríveis espinhos.
Por vezes, tudo se encaixa, por outras, nada faz sentido. Pela camada subjetiva, se esvaem as mais gritantes nuanças. E tudo porque nossos universos são de materiais diferentes, de riquezas diferentes.
E a Deusa está sob uma pilha do mais rico e intangível material. Cada vez mais distante na mente tudo está. Um arauto não há de anunciar o final, tudo parece derreter da pior forma possível, como se fosse sonho. Mas que sonho mais real, que estranho!
Provavelmente tudo foi um sonho e talvez seja a hora de acordar para um novo amanhecer. Sem chuva, sem sol, sem paredes, sem telhados e sem sentimentos. Um outro universo, outra dimensão, outra vida.
Mas antes, o declínio. Matando-nos lentamente, transformando cada sonho em decepção e cada espectativa a respeito da vida, mero exagero, mera frescura. Pois nada é para sempre, e há de ser esse o eterno ciclo.
E depois de tanto pensar, a chuva pára. E o último raio de sol do dia ainda consegue dar-nos uma esperança de jamais acordarmos. Quem dera....
Um comentário:
Tá escrevendo bem hein Sr Pedro.
Parabéns pelo Blog cara!!!
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