Aos sinais particulares, in memoriam.
Façamos de nossas almas relicários, pois não tarda o mal sob peles de bem. E nada nesta terra será tão impiedoso quanto as forças do bem. Que esteja em nosso relicário, todas as tradições que nos estragam, pois hão de assegurar que vivamos para sempre. Comprimidas e sem conflitos, serão planas as relações humanas.
Guardemos em nossos relicários, os livros, os mais belos projetos e as catedrais góticas, pois há se impor a perfeição incômoda das quatro paredes. Que seja o relicário nossa capsula do tempo, nossos documentos.
Serão cruéis os pequenos descuidos e questão de saúde pública a fumaça do cachimbo. Escrevam suas memórias, encadernem-nas. Ter opinião é ter visão. E ter visão não é ser feliz.
Será o soma a droga sob a qual dormem nossas mágoas. Sob a áurea da bondade global, reside a obrigação do bem. Todos tem direito de serem felizes e obrigação de fazerem felizes. Se não, há o cidadão de reservar a lápide! Enterre-nos; pois, com nossos relicários.
Optamos por morrer com a felicidade entorpecente e cega do que polirmos as mais perigosas idéias de nossos relicários. Mas há muito eles não existem. Porque as relíquias reais não são nada, sequer idéia metafísica, que muito além do túmulo irá. Mas o que será relíquia dentre tanto carbono e ferro?
A cada dia que passa, se ausenta a humanidade. Peças quadradas adentram o tabuleiro. A estabilidade se aproxima, e o debate será apenas uma atividade de fachada. Os cafés serão energéticos, se ainda permitidos. Todos sabem o que todos querem e a liberdade de despontar há de ser severo crime.
Afinal, “ser você mesmo” será mais um estereótipo vazio e não haverá termo de diálogo que indique a saída, Por isso, meus caros, se vocês ainda tem seus relicários, abracem-no. Pode significar mágoa, desgraça e tempestade. Vale a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena! Que viva o magnífico gênero humano!
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