O sinal bate. Bate relativamente, sob o intenso ressoar de um ruído eletrônico. A primeira aula do dia, o primeiro livro do dia. Livro azul.
Sexta notável. Dia ensolarado de um começo de primavera. Dia comum, que se diz comum como qualquer brasileiro que se estende para o sol. Carros cortam as ruas de Pinheiros, mais rápido que qualquer pássaro desavisado.
Sento-me em uma distante carteira ao fundo da sala. Por que carteira? Simplesmente mesa! Disponho o livro e as fichas de modo a transcrever números de um para outro. Como qualquer jogada trivial de um jogo de dominó. Aquele, que os dois velhinhos jogam na praça, aquele mesmo.
O livro azul, gasto, não brilha e reflete a cansada e extenuada luz artificial. Quando muito, um raio de sol da primaveira que ousava trespassar os vidros da sala. Em silêncio pouco absoluto, todos tentam escrever o que um professor de espesso bigode explica preguiçosamente.
No livro, a cada página, se registrava algo, uma pequena anotação, dentre várias que resultam de uma longa aula de sistemas lineares. Pouco a pouco, o livro emprestado, se torna um caos em figuras demoníacas não mastigadas, hieróglifos e figuras triviais que não ousamos entender antes da prova.
Tudo ao redor de um livro azul, resoluto como a melancolia do céu limpo de primavera, como a monotonia da noite na praia deserta.
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