É, não sei mais até que ponto sou lido aqui. Na verdade, só não sei porque o ponto não existe. O gráfico simplesmente não parte do zero. Não há feedback, não há um número significativo de visualizações. Mas os números do blog só crescem, e crescem mais do que o PIB brasileiro. E vocês vão ter que acreditar apenas em minha palavra, pois estou com demasiada preguiça de caçar os gráficos.
How come? A preguiça eu não sei, mas os gráficos indicam umas centenas de visitas a cada texto. Isso é um fracasso tremendo, mas pode piorar: a maioria desses leitores é, aparentemente, chinês. Um deles ainda comentou alguns links em um de meus textos... e não falou nada. A menos que tenha robôs chineses interessados em literatura de decadência e crônicas de uma cidade, não vejo como posso entender essa centena como algo positivo...
Mas ainda sim escrevo. Quer dizer, a essa altura diria talvez que rabiscasse. Estou digitando, mas é rabisco. A diferença entre as coisas que publico aqui e as que delineio por manuscrito em meu pequeno caderno, quando estou bêbado, é que as daqui eu consigo entender hoje, amanhã e quem sabe até eu ser atacado por algum dos alemães... Enfim, o conteúdo é observação e a tentativa de desenhar uma visão que não seja sombra, mas nunca passei da penumbra, não se enganem – na verdade, só eu para acreditar que existe alguém enganado com minhas palavras.
Aliás, falemos do blog: isso começou como um teste, quando tinha menos ainda o que fazer da vida do que hoje. Uma fase também conhecida como “adolescência” – ou aborrecência. Perdi um site que havia sido feito em FrontPage e talvez isso tenha sido um sinal da musa: “olha, pára com essa coisa de querer fazer site”. Não parei, fiz o blog. E ainda não sei porque julguei razoável publicar a imagem de um Concorde e um “Bem-vindo”, sendo que a casa estava vazia.
Mas ainda sim fui em frente. Melhorei minhas publicações em ritmo de Brasil grande. Até 2010 escrevia de modo grotesco, e de 2011 em diante também, mas virei a mesa: joguei o conteúdo no lixo e investi na forma. Vá saber porque julguei isso uma boa ideia... Quando se tem vinte anos tudo sempre parece uma boa ideia.
E minha vida está cheia de boas ideias. Bem, elas não são, de fato, ideias ruins, porém os momentos que encontro para colocá-las em prática é sempre o pior possível. Quiçá seja coisa de sagitariano... Não sei, não manjo de astrologia. Ser como eu é um saco, acredite. Você pensa trezentas vezes antes de fazer o mais simples e pensa trezentas vezes antes de fazer o mais complexo: aí a coisa simples não acontece porque você perdeu o timing e a complexa dá errado porque você pensou de menos e já meteu os pés pelas mãos.
Ora, é óbvio: se para fazer qualquer coisa se precisasse pensar muito, todo mundo teria que ter diploma de filosofia. Quer dizer, não sei... A julgar por alguns professores e colegas talvez pense que o negócio é ser programador, mesmo.
Há um ano e uns dois meses atrás, estive metido numa confusão no CRUSP, se é que me entendem. Na ocasião escrevi todo um texto sobre como via a cidade de um modo místico e de como tive experiências positivas etc. e tal... O texto é pífio. As duas artistas que leram o texto acharam-no bastante “whatever”. Com razão, eu diria. Aquilo ali é um setorzinho do meu pensamento, e tentei fazer com que parecesse grande, bacana. Na verdade, é – e ainda faço muita questão de acreditar nisso – mas no fundo do coração, arde a chama da decepção, das falhas...
Gosto da forma como acontecem em minha vida diversas mini-metáforas para ela mesma. Vou usar duas, uma do mundo dos jogos digitais e outra da vida real, mesmo. Jogo muito Counter-Strike, um legítimo “jogo de tiro”. Como todo jogo dessas espécie, você precisa de bom tempo de reação e reflexos, ou seja, tudo o que tenho de sobra – só que não. O outro exemplo é a vida social, não capto sinal algum e quando capto geralmente é tarde para compensar o prejuízo... É amizade perdida, possíveis namoradas perdidas etc.
E o mais engraçado de tudo: no começo tudo parece que vai dar certo, depois tudo volta ao vinagre novamente. É um ciclo... E bem sufocante.
Todo o santo dia me surge uma ideia tremenda para escrever um texto matador, original e responsável por resolver todos os problemas do mundo, da filosofia e do meio-ambiente. Mas não devem ser tão bons assim, porque penso neles no banho e na hora em que abro o Word não me sai uma mísera palavra. Além do mais, mesmo que a ideia fosse boa, que crédito levo eu, “Pedro Pinheiro”? Na estante de achocolatados sou aquele que contem mais açúcar que a cana da 51. No fim das contas tive a ideia mais idiota possível de escrever isso e, bem... É o que tem para hoje, me desculpem.
Desse modo só me resta dizer que estou parando. Não é como se isso não fosse óbvio e nem como se o blog fosse importante, porém é assim que lido com o mundo, gritando para ele enquanto está de costas. Quiçá pegue todas minhas ideias e junte para escrever um livro. Mas tenho uma graduação para completar. De 2007 a 2012 eu era um vagal de escola. Escola não se escolhe, faculdade sim. E de algum jeito vou terminar este projeto... Ou virar um programador medíocre criando softwares para pet shops. What a great achievment!
Finalmente, vejo que tropeço nas palavras escritas do mesmo modo que nelas ando tropeçando enquanto as falo. Estou de novo debulhando queixas do modo como fazia em 2010 e isso sou eu. Repito, não se enganem. Devo admitir: não gosto do fato de ter 70% do pensamento gasto com meu “eu”. “Eu isso”, “eu aquilo”... Todo mundo parece gostar de viver assim, isso me incomoda, mas ao mesmo tempo isso sou eu. E enquanto o paradoxo não se resolve, publico isso.
... Não sei se volto a publicar, mas se não voltar, foi um prazer enquanto durou...
Um comentário:
Mano, se tu deixar de escrever, vou ter uma fonte a menos de protelação. Momentos como o que estou passando nesse instante deixarão de existir... Ou talvez isso seja bom.
Acho melhor eu voltar a fazer o que eu tava fazendo.
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