Tudo fora feito. As terminologias eram intermináveis, da biologia a história. Um meio globo de massa cinzenta, habitado por gente culta e varrido por frescos ventos. Equilibradas estações, regadas a flores a todo e qualquer momento. Por vezes, uma leve geada, que não chegava a cobrir a superfície do Cabo de Uma Boa Esperança, este existente apenas neste micromundo.
Parecia uma obra prima digna se passar para além do papel. Constituída de repetidas voltas barrocas, alfabetos arcaicos e um brilhante clima nublado, era a terra perfeita. Mas em todo o equilíbrio há algo natural e selvagem, a rota de escape da estabilidade. E por aí trilhou a natureza.
Um terremoto destruía um dos inúmeros templos dedicados à deusa suprema. Em cadeia, a natureza pareceu se ofender e casas foram varridas, prédios engolidos. Como faca atravessando a garganta, do avesso ao extremo tudo se inverteu. Carne a pele se inverteram, em fusões de contrastes de medonhas discrepâncias...
Metade congelou como se estivesse a trezentos graus abaixo de zero, e metade queimou a quinhentos graus célsius, deixando apenas a rigorosidade da areia e das cinzas. Uma lava de sentimentos escorria pelas canaletas do relevo em destruição.
Somente uns poucos rios contiveram, ainda que a custo, a pasta do inferno, sendo que esta última despeja em tais rios seus ingratos resíduos. Em meio a desordem, apenas uma garoa agia em emergência, mas sua ineficiência apenas alimentava o braseiro que queimará até o fim dos tempos.
E de tudo sobra apenas uma massa amorfa, e uns poucos sobreviventes darwinianos. E as flores que antes brotavam em tal solo jamais serão as mesmas. Cada ferida há de ser uma futura falha geológica em nossa mente.
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