Finalmente, as brisas de Maio anunciam o inverno próximo. Junto a calmaria do vento que esbarra nas janelas já empoeiradas da sala. Não há mais nada a se fazer sobre as inúmeras horas que se perdem com a distração do complexo. Tudo bem, sejamos mais positivos. Dir-se-ia que são as horas necessárias para te fazer um profissional. A-Ha! Grande farsa.
Tudo o que fizemos, até agora, foi dar voltas, voltas e voltas em torno de nós mesmos... Assim como um cachorro, que persegue a própria cauda. Entre códigos, florestas negras e linhas mal indentadas do código mental, não é possível mais discernir o que está nos adicionando algo ou apenas está desgastando os nossos já sobrecarregados neurônios.
Mais uma hora se passa. Já se acumulam centenas de linhas de cálculos e fórmulas, que, vez ou outra são misturados a uma pequena descontração. Só isso, no entanto, me manteve por tanto tempo privado as minhas preciosas seis horas longe do barulho, das telas brilhantes e do distúrbio progressivo.
Começa uma nova era, a era dos mísseis e torpedos dos celulares, dos posts-bomba, dos tiros twittados. É tudo muito rápido, rápido como o sono tranqüilo inexistente, rápido como tiros de metralhadora, ressoando pelo vasto território virtual.
Aprendendo a trabalhar mais rápido que a rapidez, fazendo dos sites, poderosos tanques de guerra, que esmagam o usuário com seus brilhos mal trabalhados. Este usuário, no entanto, gosta de ser esmagado, ao que parece. Cada vez mais bonecos de ketchup tomam o lugar de um usuário crítico.
Nesse desvio, o vento se torna uma chuva... Uma leve chuva no quintal, vidraça baixada, observa-se as plantas. São onze horas da noite. Em um lapso de tempo, você viaja em um texto, para morrer na rotina. Na rotina do Pascal, na rotina do real. Informatismos que inundam nossas mentes ocupadas de ver o tsunami multimidiático ao invés de notar a beleza as lisas notas da chuva ou do canto dos pássaros na preguiçosa manhã de uma segunda.
Mas para que ouvir os pássaros? O computador pode apitar, não é mesmo?
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