É ano novo. Ano que envelhece em trezentos e sessenta e cinco (ou seis, às vezes) dias, e é como folha para o interminável rascunho da vida. A cada dia traçamos os caminhos de nossas futura pegadas em cada centímetro da folha. Criamos laços que são como manchas em todas as folhas do bloco abaixo. Rasgamos um pedaço no meio, tentando prever um futuro, em vão. O tempo e o vento ameaçam levantar a folha, mas sob o peso de um grafite quase radioativo, não levantam. Quem pode saber o que nos espera no amanhã? E por que alguém haveria de saber? Ao se pensar em futuro, o discorrer do pensamento já virou passado em dois segundos.
O máximo a se fazer é riscar a próxima folha. Mas são só marcações. O futuro em branco é apenas trilho para o trem da imaginação, da inspiração e do pensamento humano. Ele não existe, é apenas uma estrada virtual. Quem poderia dizer que em todos esses anos, tais pessoas poderiam cravar suas manchas permanentes no bloco, no prontuário da vida?
Os dias, quadriculados no papel podem ser pintados de preto, ou não ter cor alguma. Não determinamos conscientemente, embora pertença a nós cada folha. Mas pode ter certeza que quando há luz for clara, ela há de remover todas as manchas dos dias em preto. A luz da amizade, do respeito, da humanidade, da civilização e de tudo que deixamos para trás nas cavernas.
E em nome da luz da amizade, saúdo-vos, amigos e colegas que deixaram suas anotações na extensa parede da memória.
Feliz ano novo.
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