domingo, 25 de dezembro de 2011

Meses áridos IX - Luzes reluzentes

Os cantos da salas não mais obscuros serão sob os intermitantes piscas natalinos enroscados em pinheiros de plástico. Formas diferentes de cores para dizer o mesmo. A data chegou. Embora não seja nada a prova da dura decadência, ainda é possível se esperar que, mesmo dentre tantos feudos, permanecemos unidos. Que, apesar da distância, permanecemos ligados.

A telecomunicação nos brindou com a possibilidade ímpar de compartilhar mais ainda os momentos, por mais simples que sejam. Seja por texto ou por voz, por terra, ou por satélite. Nesse momento tudo deve soprar contra as rusgas pequenas e suburbanas que assolam nossas vidas como tempestades.

Nesse momento, o tempo árido, seco, impiedoso não faz frente à forte presença dos amigos, o tão celebrado elixir dos posts anteriores. Questionem Jesus, questionem o velhinho... Mas não esqueçam de chama-los para uma cerveja! No natal, uni-vos todos. E paremos com as rusgas de subúrbio. Raras oportunidades podem nos mostrar o quanto ser mundano é importante.

Um brinde a todos os leitores, às telecomunicações, aos amigos, e tudo o que converge para tão delicioso momento. Meus caros revolucionários de Facebook, se não querem datas comerciais, não comprem nada. Saibam ser dialéticos, saibam aproveitar o momento. De revoltados o mundo já está cheio, tudo o que as pessoas querem nesse momento é mostrar que todos os piores acontecimenos não são suficientes para separar pessoas.

Um natal de vento em popa e uma grande virada de ano a vocês, caros leitores e amigos.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Meses áridos VIII - Cartas na mesa

Baralhos, telas, fichas. Não há nada como, independente da ruína que se faz presente, jogos. E na areia quente, é um ás de espadas, um nove... Depois, o cair da noite, tudo parece estar melhor, mas não sela, entretanto, a brecha.

É como um contorno ao ver que todas as portas se fecham. As horas passam mais rápido, o elixir parece não fazer tanta falta... Justamente porque a ação te faz parecer mais vivo. Como pessoas, temos necessidade de nos sentirmos vivos. Não importa como.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Meses áridos VII - A mensagem

Nesses tempos de tanta comunicação nada é fácil. Mas nada há de ser tão difícil quanto a aspereza da incompreensão. Bem, talvez isso não chegue a ser praga tão relacionada aos tempos modernos, é verdade. O fato, entretanto, é que aflige.

O vento desértico que sopra pelo telhado em nada esfria a caldeira que há abaixo de vigas tão mornas, tarde afora. Se nada pode esfriar o que derrete as engrenagens do sistema. Já é, por certo, esperado que não se consiga ordenar tão bem as cartas deste infinito jogo de palavras.

Mas, como não dedico praticamente nada a ninguém em especificidade estas vazias palavras, abundantes em forma, protetoras de um frágil batimento cardíaco, vou deixar a livre câmbio a interpretação de todo o escrito. Quem me conhece, por certo não me deixará mentir.

Porém, ainda acredito que, como tudo tem sua razão de ser, escrever isto não é diferente. E para palavras tão polidas em embrulhadas existe uma impressão aguda de uma ruína virtual, porém, certas vezes, bastante desesperadora.

Meses áridos VI - A noite anterior

Ao horizonte distante, em uma densa cidade, e, portanto invisível, estão malas. Todos em seus devidos meios de transporte, para longe vão. Longe do árido deserto, da cálida mesa caseira. Brindam o sucesso formidavelmente. Em suas malas, taças e melhores roupas. Com suas famílias vão, para bem, comemorar o santo feriado. São dados por mim e por qualquer outro, votos de uma feliz nova página, ou, quem sabe, um novo capítulo.

Mas restam para trás tantos laços folgados, tantos desânimos. E em terras distantes estão, dançando os passos de uma animada canção de final de ano. Entretanto, ninguém dançará a dança da chuva. Mas há um espírito que clama pela luz, relegado a uma ruína subterrânea de tantos séculos. Um espírito que abraça todos em tão célebre data.

Mas, dentre tanta feudalização social, só há trato. Não fino trato. Basicamente, todos em seus barcos. Não importa com quantos remos queres remar. Mas isso, infelizmente, depende do barco, e não de seus passegeiros. E são esses barcos que viajam. Oh, subúrbio... Por que eres tão medieval?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Meses áridos V : Ao cair da tarde

O quente cair da tarde se faz sentir em qualquer paisagem. Nesses tempos de verão tropical, nada é tão simples. Os miolos parecem fritar, e contribuem para que qualquer aridez temporal, mental ou física torne-se pior.

São meses de recesso escolar, estamos próximos a uma data muito comemorada. Mas o árido deserto determina que tudo há de ser plano, um plano instável. A qualquer cair da tarde, a ausência do idealizado elixir se faz presente como parte de um contínuo movimento. Entretanto, a possibilidade de suprir ou não se tornará bastante complicada, e nada haverá para compensar.

A ruína parece exibir suas garras sobre a valiosa bebida. E toda essa ruína não depende exclusivamente do tempo. Ou talvez não dependa nada do tempo. São apenas coroas metálicas.

De qualquer forma, ruína alguma vai destruir o valor que cada gota tem para mim. E ruína alguma há de desviar célula alguma dos meus caminhos. O tempo não é justo, nós somos.

Meses áridos IIII (IV) - O córrego de elixir

Os pés doíam sobre a escaldante areia. Nem importava mais como se estava. O importante parecia ser sobreviver. Ecnontra-se um riozinho ao sopé do morro. Elixir? Certamente. Entretanto estava ali apenas para constatar um erro, recuperar as forças, mas não extinguir a aridez desses tempos.

Porém, este curso d'água era escuro, taciturno, e podia, muito bem, trazer presságios de uma tempestade. Mas uma tempestade árida. Fazendo de qualquer alma churrasco sobre brilhante manta desértica.

Abri minha janela suburbana, observei o quintal por alguns segundos. Não vi nada além da medíocridade a que nos relega o tempo. Mas o tempo nos prega peças, nos dirige a grandes enganos e nos colide contra o espaço, na grande fenda espaço-tempo. Essas peças fazem certos tipos de elixir se tornarem drogas.

Como dependência, são males. Mas há males que vem para o bem, mas, novamente, é faculdade do tempo decidir os resultados. Mas, por enquanto, o presente, e suas racionalidades parcamente explicáveis, dá um pequeno rio para quem pensou não encontrar mais outro matiz. Mas uma gota desse rio pode se tornar muito significante, em quaisquer outras paisagens temporais.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Meses áridos III: Dimensões derretidas

Como em siderúrgica. O rotor e seu fraco vento tenta, com parcial sucesso espantar o calor físico, a medida que a alma tenta desbastar o deserto temporal, que, não importa o cenário, finca suas queimaduras sobre as doces memórias de um recente, mas distante inverno.

Uma neve que nunca caiu, se une ao azul esverdeado do elixir, como água marinha dos desenhos. Mas, se este cai como chuva ou se falta, o tempo, como força transcedental determinará.

O que pretende tal força consertar, destruindo o menor traço de esperança a bater no peito?

Nesse momento, o tempo derrete-se e funde-se com a terrena divisão sensorial, afim de aumentar a sensação de que tudo está as moscas, secando ao sol. Fazer fritar o portador da consciência, tortura-lo.

Forças me ajudaram a derrotar o escuro calabouço de tempos atrás. Mas me deixaram ao ver que estava tudo bem. E assim tudo começa a morrer.

Meses áridos II: Papéis na mesa

Dentre dunas, monto uma tenda. Talvez imaginária, quem sabe? O sol incide sobre os papéis na mesa. Mas o sol some, e tudo começa a tomar um formato cúbico. Um forno. Um escuro forno. Quero sair, fazer dos papéis em minha mesa aviões. Buscar, no tempo tardio o elixir. Dádiva da amizade.

Mas os papéis se acumulam, trepidando sobre a fraca ventania de um rotor, sobre a mesa. O deserto se desfaz. Isolado, como se estivesse pendurado por um cabo de telecomunicação. Parece não ter portas.

Do lado de fora está o elixir. Cura certa para as paredes do quarto. Mas parece não estar mais sequer a venda. Desse modo, não faço de avião os papéis que me fazem companhia, como notas fiscais do elixir. Tudo morre sob a mortiça tela de um terminal.

Meses áridos

A terra arde diante aos olhos, como sob efeito de uma poderosa esfera de fogo. O próprio pedaço do sol, no deserto tempo. O imenso e doce mar temporal aporta em qualquer praia. Espontaneamente, o mar recua, como maré amplificada em caminho reverso. Um forte vento vento quente sopra da esfera. Junto com o árido e fervente clima de tal deserto temporal.

Parece que todos morreram. Sobra você. Você, por dunas, miragens, sem um pingo do doce elixir que compõe o bravo mar temporal. Mas a fúria do mar de agosto compensa, por ser a fonte dessa doce dádiva.

O elixir que te trás vontade de continuar em pé, mesmo que a situação empurre para baixo. Mas tudo parece sumir, a fúria do mar cessa. Todos esperam isso. Mas todos carregam consigo um pequeno cantil de elixir.

E se você não tinha cantil? Morre. Deixando apenas uma pálida imagem na tela, a qual todos ignoram. As premissas de que o mar iria secar foram acertadas, temia ter que dizer isso. Espero estar enganado.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Crônicas quase póstumas de um livro azul

O largo impreciso espaço temporal que me dá a paz de espírito permite que revise as concepções imediatistas. Eventualmente, quase lembro do passado, distante, mas nítido. A nitidez se revela na forma de presente. Presente temporal.

Objeto de tantos artigos, decepções e excessivas lamúrias, estava ali. A poucos metros. Não se pode deixar de notar. Quero ver minhas desculpas aceitas, provar que não sou canalha, e tudo o que se imaginar desejar por ser tão ingenuamente afastado.

Passo o portão. Um mortiço sol de chuva banha de raios o caminho. Dias melhores virão.

Crônica de um livro azul II

O livro azul voltou. Não a mim, mas de mim. E se aproxima a contagem final. Como malha fina, rígida. Sobem os clamores e choros e nós e outros, aqueles que ficaram para trás nas tabelas e muito lamentam por isso, aqueles que já tem isso como fato consumado. O sol do meio dia cumprimenta o horário que, por larga folga, vence o mais selvagem sentimento de morte acadêmica.

Sagaz urubu, a PP de urutu, impiedosa como parte da vida. Pescoço torto e pelado, autoridade na ruína. À estratégia entrego os pontos. A última luz da cidade se apaga. Lanternas sagazes desafiam o inaquebrantável silêncio da noite.

E na sorte, todos estamos, aqui ou ali, e a incerteza dos caminhos futuros, não supera a barreira da própria contradição, quase personificada, não obstante, tão necessária.

Que venha o livro vermelho. Se a paz e aconchego vem ao leito, de tanto esforço quase póstumo. Dias melhores virão. E com certeza, viverei para vê-los.

sábado, 29 de outubro de 2011

Três da madrugada

São três horas e cinqüenta minutos, madrugada afora. Escrevo, enquanto, em um desnorteado movimento afocal, cada um de meus olhos procura uma direção, cruzando-se em um vesguismo automático. Decidi pautar um pouco sobre qualquer solicitação natural, mas, visto que não tenho nada urgente a tratar, ponho-me a ponderar sobre a vida em todas as suas nuances hora sob o silêncio mudo das ventuinhas, hora sob suaves notas Bachianas sibilam sob forma de ondas sonoras, entretanto.

Um ar mortiço indica o quanto fora desgraçado na tarefa de alertar. Vejo que minha geração, assim como as outras, sobem às nuvens. Nuvens sólidas como água. Vapor. Jovens manchados de tinta, sem matiz, todos iguais. Nadam no infinito sem cores, sem esperança.

Os sonhos são fragmentados igualmente, ou pior. Triste. Em uma distante ilha, um flautista toca Mozart, em notas tão murchas, que de magnífica música, passa quase a um aviso de fim de mundo, que entende-se não pelo tocar, mas pela tentativa pífia. Ruínas. "Pois do pó viestes, e ao pó retornarás." Pó? Não importa o pó, nossas pegadas importam mais. Quem somos.

Tarde demais, se fora o último ônibus. Chovia forte, chuva de petróleo. Petróleo popular, que bem mal pagava seus sócios. A mancha preta da falência machava cada planta em volta. A pé, fugia de uma catástrofe, se arrastando como velho maltrapilho, ou um animal que se recusa a a largar uma manga cheia de vespas, um animal racional, dentre suas últimas ruínas.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Tudo em vão

Qualquer cidade saturada, qualquer foto estourada, qualquer excesso. Como brisa dissociada, corre a viajante mente por entre azuladas vidraças de edifícios comerciais, carros, residências. Nunca infalível. Sempre errante, mal trilhada.

Vez em vez aporta-se em um atracadouro lotado, ou estaciona onde não há vaga. Por vezes dá voltas ao entorno do quarteirão. Em outras, está fechado. Madrugada... Da consciência. Simples existência, em um humano mundo sem respsotas.

sábado, 1 de outubro de 2011

Crônica de um livro azul I

O sinal bate. Bate relativamente, sob o intenso ressoar de um ruído eletrônico. A primeira aula do dia, o primeiro livro do dia. Livro azul.

Sexta notável. Dia ensolarado de um começo de primavera. Dia comum, que se diz comum como qualquer brasileiro que se estende para o sol. Carros cortam as ruas de Pinheiros, mais rápido que qualquer pássaro desavisado.

Sento-me em uma distante carteira ao fundo da sala. Por que carteira? Simplesmente mesa! Disponho o livro e as fichas de modo a transcrever números de um para outro. Como qualquer jogada trivial de um jogo de dominó. Aquele, que os dois velhinhos jogam na praça, aquele mesmo.

O livro azul, gasto, não brilha e reflete a cansada e extenuada luz artificial. Quando muito, um raio de sol da primaveira que ousava trespassar os vidros da sala. Em silêncio pouco absoluto, todos tentam escrever o que um professor de espesso bigode explica preguiçosamente.

No livro, a cada página, se registrava algo, uma pequena anotação, dentre várias que resultam de uma longa aula de sistemas lineares. Pouco a pouco, o livro emprestado, se torna um caos em figuras demoníacas não mastigadas, hieróglifos e figuras triviais que não ousamos entender antes da prova.

Tudo ao redor de um livro azul, resoluto como a melancolia do céu limpo de primavera, como a monotonia da noite na praia deserta.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Saturno

Saturno, anunciava em letras alaranjadas o painel do ônibus que cruzava o tenso leito fóssil da avenida, já regado pela tênue cortina de água que tencionava molhar mais que o sol ardente do meio-dia. Era meia-noite, porém. Nada mais se movimentava, e, à frente, só uma praça. A praça, envolta na neblina, era apenas cortina para um cansado amanhecer, envolto no pálido manto tóxico, que se extendia a frente do sol tal como o mar o faria em uma praia deserta.

Bela praia deserta, alias. Não me recordo a quanto tempo estive ali. Trajado de uma surrada e encardida calça, acompanhada de uma camiseta puída, acompanhei, junto aos galhos da macieira, uma leve decadência, a decadência que leva as pedras da margem do rio mais longe do que se possa ver.

Na outra ponta desse gelado lugar, dizia Curupira, estar uma flôr. "Flor em pleno gelo?". Tudo depende de sua imaginação. E, enfim, era uma estrada, cortando uma longa fila de árvores altas. Quis permanecer, mas a alma volátil e imprecisa não queria. Queria estar ali, respirar aquilo, pisar fundo no asfalto sem uso. Rumar para onde quer que fosse. A pé, daqui ao Mandaqui. Ela, com seu magro dorso me trouxe a luz, naquela fria noite.

Ah! Que adianta... Viver congelado pela fria luz mortiça da noite. Então, abraçamo-nos. A luz e eu.

Saturno bate a porta, é uma placa. A placa é metálica, fria, de um vivo, mas calejado verde castigado pelos elementos que regaram a vida, outrora. Como uma efígie, termino ali. Trajado nas calejadas roupas, rasgadas nas pedras por cujos cumes escalei.

Esfolei-me, sempre só, ou com ela. A luz da noite, que não é luz da noite, é como uma força. Força oposta, fria e calculista. Tudo falha. A areia se desmancha em franco colapso. Pergunto-me se vale a pena. Pergunto-me porque escrevo. Talvez tudo valha a pena, se a alma não for pequena.

Mas que importa ter grande alma, se tão importante é destruir sua casa para limpar o pó? Mudança não é para ratos e duendes, é apenas fruto da improbidade cognitiva de uma raça que se fez decadente.

Quero a flôr, mas para isso, preciso ir contra a mudança constante que margeia e aproxima as paredes em direção à ratoeira.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Noites em vão

Torno ao bloco de notas, de um branco pálido, frio e elétrico. É uma noite amena, sem graça, nem fria, nem quente, nem chuvosa e nem seca, sem manteiga. No intermitente sono da quase madrugada, encontro a fonte de um artigo. Milagre! A fonte quase seca, caída em um vazio sem cores, sem areia e sem sol. A rosa murcha dentre a densa escuridão, e mais uma vez tento caminhar por sobre as pedras de minha imaginação. Quão bom seria se tudo verdade fosse! Mas tudo é explosivo na escuridão cerebral. Tudo o que danifica não mede barreiras entre real e virtual, apenas lhe joga do abismo. Mas é o abismo real?

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pequena rosa II

A pequena rosa desabrocha. Complicado dizer se para bem ou para mal, nada indica. Em uma cadeia de reações e sinais de tão brusco câmbio, não se vê sequer uma tênue trégua. São os espinhos. Porém, espinhos tão honestos e tão bem forjados, que pouco importo-me com os pequenos cortes. São apenas cortes, mas a rosa é muito maior que isso, maior até do que si mesma.

O que estará por vir?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Pequena rosa

Cuido muito, por entre precisas e silenciosas badaladas da noite, em uma pequena rosa. Rosa esta, que desabrocha de forma tão rude, porém, ainda sim, tão bela. Tamanho? Não há tamanho se tal rosa tem perfume. Teus espinhos afiados tão belamente moldados são... Transformam a pequena gota de sangue em objeto de imensa sorte.

Ah, Pequena Rosa, como gostaria poder lhe falar tudo!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O caminho das ruínas

Manhã típica. As aves gorjeiam, assim como os urubus de Monte Serrat. O ronco grave dos motores dos ônibus lançam ao ar uma tênue e perigosa cortina negra. Cortinal tal qual um charuto que se fuma de modo involuntário. O que será tabaco perante à cortina colorida com o preto do óleo?

Salto do carro de bois. Bois ou pôneis, condução ou lotação, deixo-lhes a seus critério a definição. A cidade toda se extende aos olhos de uma forma não usual. Ela está em ruínas. Sim, em ruínas. O solo rachado pelos trabalhos é marcado pelo surrado manto escuro que reveste as estradas da urbe. Urbe esta que não resiste à canibalização diária.

Prédios vitrificados como o olhar de seus donos se esvaziam, o núcleo se recua, se recusando a se posicionar ao centro, como que se todos houvessem sido atingidos por um artefato nuclear. Tudo isso é ruína. Ruína de alma, da mente da gente que habitou esta tão surrada terra.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Brilho de prata, vida de lata

Badaladas indefinidas, assíncronas, descontinuas. A Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat marca sete em ponto, hora da missa, em uma manhã nublada. O céu exibia um cinza de feição inglesa. A igreja representa o último traço da civilização em um local nada deve a uma aldeia bárbara européia.

As incertas badaladas das sete são, por certo, uma espécie de último suspiro. Uma imprecisa e difusa afirmação de valores, mesmo que os monges não vejam dessa forma. A grande aldeia se aquece, comércios abrem e todo o vazio noturno retrai-se, dando a deixa a mesma medíocre vida suburbana, que irriga a cidade, como resultado da intensa migração diária.

No humilde captólio da igreja, o sol refrata, como traço de esperança. Quem dera! A realidade da falsa urbe trás consigo uma invísivel poeira. Uma poeira das ruínas do Parthenon, uma poeira a qual retornaremos, visto o rumo da raça humana.

A poeira está envolta no andar das pessoas, que, como em um campo de guerra, correm pulando os ponteiros do relógio, em uma desafiadora tentativa de sobreviver. Está envolta nos ônibus, nos carros, nos caminhões, sob as trevas da irracionalidade admnistrativa. Envolta nos telhados, nas janelas, e nas mesas dos bares, nas pessoas que ficam no tempo sem serem lembradas.

Mas nem tudo é trevas. Na base, nas entranhas de toda a irracionalidade, em um lugar perdido, envolto na mesma poeira das teses modernas, porém tão modernas que não são modificadas a anos, apenas contantemente aplicadas, no coração de tudo isso, ainda vejo luminosos raios prateados, entendam como quiserem.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Vazio noturno

E sopra o suave e quase imperceptível vento do inverno, a lua cheia reflete nas janelas de alumínio, e brilha, como uma afiada lâmina, cortando com o seu contraste a profusão de tons escuros inerente à penumbra em que jaz a noite. Nesses tempos, tudo acaba em caracteres, sinais eletrônicos, acima de uma mesa de madeira reles, ligado à tudo, ligado à todos. Vive-se nisso, o cenário é apenas cenário. Tons que se encerram nas rebarbas do processamento lógico.

Neste momento, a janela fechada e os rádios desligados implicam apenas o ruído conferido ao ambiente pelos componentes mecânicos da máquina que jaz sobre a mesa de madeira reles. Escrever é como colocar papéis para alimentar as chamas de uma lareira, e assistir enquanto são queimadas. Mas são cinzas digitais. Cinzas não apagáveis.

O vazio entra na alma, e, sem rodeios, revira todos as salas, todos os salões, todos os corredores. Derruba colunas, paredes... móveis. Voam os papéis, nada agrada. Lá fora, a tempestade, a certeza da impotência.

Tudo é destruído pela rotina, pela ausência de grandes acontecimentos. Tudo é caminho, caminho este, que leva para o fundo... o fundo do poço. Nada a fazer.

domingo, 3 de julho de 2011

Um dominador

Setembro de 1982. Era branco como papel, como mussarela. Seus pais, joviais. Nascia o pequeno Jorge. Já embrulhado nos clássicos progressivos e ao cheiro clássico, o preferido dos médicos, talvez.

Setembro de 1983. O tempo passara rápido, e Jorge já tinha um ano de idade. Mostrava habilidade com o ábaco, e, dois anos depois, já sabia fazer contas de adição melhor que seus pais.

Jorge aprendia a tocar guitarra com seu pai, ao som lento e pouco reflexivo, típico da década anterior. Mas Jorge tossia, não se sentia bem. Com o tempo começara a tocar Mozart em sua guitarra, porém, não sabia o que estava tocando. Ouvira em qualquer lugar, qualquer som. Com a velha pentatônica e um pouco de improviso, tocava a quinta sinfonia.

O pai parou a mãe, que fazia um colar de contas cem por cento sustentável, e a chamou para ver o garoto tocando música. Seu pai, Antônio, aos seus vinte e oito anos de idade, não acreditava... Como o garoto sabia matemática e ainda tocava Mozart em sua guitarra? Aos doze anos, Antônio não conseguia tirar mais do que cinco notas de Beethoven. Sua mãe, Glória, que era hippie e acreditava que tudo de que precisamos é amor, não se surpreendeu, apenas observou, "Amor, coloque Young Lust para tocar? ".

Era o primeiro dia na escola. Jorge escreveu o "A" não menos que três vezes e não se conformava na demora de seus colegas em fazer a letra. A primeira aula acabava e garoto já tinha escrito o alfabeto inteiro... três vezes. A professora não deixou por menos. Em um ato extremamente fino, singular, grande e expressivo, ela diz: "Jorge... "

"... você não é diferente de ninguém", dizia a coordenadora. Ele não entendia bem, sabia que havia procedido de forma incorreta, sabia que não estava acima da lei, das regras, mas questionou o diferente. "Mas, dona Amélia, então sou igual ao Carlinhos?". "O Carlinhos? Por quê?", questionou a diretora. "Não sei. A senhora diz que não sou diferente de ninguém... Mas o Carlinhos não sabe escrever uma frase, e eu sei. ". "Ah, fique quietinho aí, que depois resolvemos isso, você tem que aprender a ser modesto. ". "Mas, dona Amélia... O que é modéstia?". "Seus pais te explicam. ".

Antônio e Glória não tinham dicionário, afinal, dicionário é um elemento elitista, conservador, e careta. Mas Jorge lhes aporrinhara tanto, que compraram-lhe um. Era um empoeirado dicionário, muito antigo, direto das pratileiras de um sebo. Uma semana depois, sua vizinha, dona Antônia, viúva de seu Ademar, um encebado poeta fracassado, depositava vários livros fora de casa. Jorge correu e indagara: "Ora, você detesta o conhecimento?". "Moleque, sai fora daqui... Isso é problema meu". "Dona Antônia, em memória de seu Ademar, tudo isso é meu, agora. ". "Ótimo, menos lixo em minha casa, quem vive de passado é museu", resmungou Antônia em um velho clichê suburbano.

"Todos vocês. Todos mesmo, que estão nessa sala. Vocês pagam pelo colégio? Certo?". "CERTO!". "Lamento informar-vos. Mas vocês são burgueses. Elitistas. Ruim, não?". "Claro!". Jorge estava com o braço doendo. Seu braço se estendia desde o começo da aula, como se fosse uma antena de TV, que vez ou outra era abatida pelo vento, mas, faltando cinco minutos para o final, o professor o deixa falar. "Mas, professor, como seria se os dominadores não existissem? Afinal, se os Romanos e Gregos não existissem nó... ". "MUITO bem, Jorge, você diz isso porque lhe colocaram isso na cabeça. Aqui precisamos ser mais críticos, veja as minhas aulas, por exemplo. Enfim, classe, estou indo, até sexta, e não esqueçam de pegar as tarefas no xerox".

"Seu Ademar escrevia bem", observara Jorge, "o uso da linguagem que ele fazia é espetacular, para ele, as palavras tinham só significado, tinham som, tinham harmonia.". "Ele não pagava as contas direito. Tenho até hoje, três mil quinhentos e sessenta e sete reais em dívidas", retrucava dona Antônia. Diante à isso, Jorge pensou: "Que bela mentalidade, acho que vou ser assim quando crescer, afinal, o conhecimento humano deve estar todo no banco, não é? ".

Jorge prestou vestibular, passou de primeira. Seus amigos não acreditavam, mas resmungavam quando ele dizia: "Eu sabia que ia passar, eu sou bom nessa área, não sou?". "É", seus amigos respondiam secamente. Com o tempo, o garoto Jorge, se tornou um adulto.

"Jorge Cipriani Schermatto". "Okay, senhor. Você deve receber seu CPF por correio nos próximos dias". "Obrigado", replicou Jorge. Agora, na universidade, Jorge só batalhava para pagar as contas. Seus pais o ajudavam, mas Jorge queria paz, não queria saber da roda verde, nem do aroma natural de sua casa. Escrevia, enfurnado em casa, ouvindo Brahms. Saía e não entendia porque as pessoas grudavam nos ônibus cheios. Não entendia porque não conseguia comprar um jornal depois da meia-noite. Não entendia porque a cidade morria.

Alias, entendia, fingia não entender. Fingia ao olhar das pessoas, pessoas as quais entendiam o fingimento e não profundo entender por trás do fingimento. Ivoluntáriamente oculto por trás de uma barreira de ironia e sarcasmo, espantava as pessoas de âmago sensível e irritava os mais revoltados. "Será mesmo que não precisamos de educação? Sério, não entendo porque precisamos, afinal, todos nós já nascemos sabendo. A maternidade é uma grande escola, grande geração! Iluminada, não acham?".

Um dia, enquanto passava na rua... Lhe atiraram um livro de Nietzsche na cabeça. Xingou, mas como era um voraz leitor, leu. Agora estava na universidade, fazendo seu mestrado e ensinando as crianças. "Como eram maus, os dominadores. ". Sim, era um dominador. Ele mudou... É a história que lhe fez justiça, não é mesmo?

sábado, 2 de julho de 2011

Test drive

Olá, leitores

Finalmente consertei o layout do blog. Tudo bem, não consertei por completo. Mas também nem tive muito tempo de fazê-lo antes, então os ajustes finos virão daqui para frente. Mas o layout básico é esse. Sei que algumas pessoas devem ter odiado. Mas não me importa, acho que o blog está melhor de ler desse jeito do que com aquele plano do fundo verde.

Att.,
T. R. P.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Calma, não explodiu... ainda

Recado rápido: O layout do blog será modificado, por isso que o deixei assim, solto. Mas em breve estará novamente funcionando.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Olhos digitais, coração virtual

É, amigos. Fugir da tecnologia é inútil. É inútil lutar contra tudo isso. Você namora pela internet, ama pela internet, se diverte pela internet e se informa pela internet. Mas, às vezes, penso se isso não faz mal à nós mesmos.

Pense. O computador dura quanto tempo? Nós nos desgastamos muito mais rápido ao fazer tudo mais rapidamente. Mensagens eletrônicas, fotos... Tudo. Quanto tempo paramos para apreciar uma foto? Hoje são pouquíssimos segundos. Sempre tem que dar tempo de percorrer a timeline inteira antes de pensar na mensagem que uma foto te trás, ou que um recado carinhoso deixa.

Parem de correr. A vida já passa em um segundo, não precisamos, entretanto, transforma-la em um punhado de milisegundos.

"Freeze this moment a little bit longer\
Make each sensation a little bit stronger"
-- Rush - Time Stand Still

Att.,
T. R. P.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Ecochatos: Ar pesado...

Estive o dia inteiro vendo pessoas incentivando o uso da hashtag "vetadilma" no Twitter/Facebook, etc... Alias, confesso até estar um tanto injuriado com isso, porque todos estão fazendo um baita barulho e espalhando asneiras que já haviam sido desmentidas pelo relator do código, Aldo Rebelo.

Não vou me estender, afinal, já são mais de onze horas da noite. Mas gostaria muito que os ecochatos que venham a acessar esse blog, dêem uma lida no "Coturno Noturno", que está em minha lista de sugestões. Posteriormente colocarei alguns artigos reelevantes. No entanto, ainda sim, deixo aqui um link: Artigo do Aldo Rebelo no Coturno Noturno.

E mais: Isso se aplica a qualquer movimento que possa vir dessa cambada de ecochatos. Sempre prestem atenção nos dois lados, mesmo sendo um conflito internacional.

Talvez poste algo mais completo depois. Mas agora deixo-lhes a reflexão.

Att.,
Pedro Pinheiro

terça-feira, 24 de maio de 2011

O nó de Higienópolis

Olá, leitores.

Torno a escrever aqui, desta vez sobre toda a questão da instalação do Metrô em Higienópolis e da questão da "Gente diferenciada". E digo: Tudo isso só confirma o fato de que o ódio natural que os brasileiros tem por ricos é facilmente inflamado.

Nestes últimos dias, só tenho ouvido pessoas fazendo piadas sobre a questão dos diferenciados, mas acho que deveríamos rever esse assunto com mais seriedade. Primeiro, vamos medir o outro lado, nos colocando no lugar dos "burgueses" (Termo que todos gostam de usar) de Higienópolis. Imagine que você tem uma família pequena (Por exemplo, pai, mãe e dois filhos) e more lá há 15 anos. É um bairro relativamente tranqüilo, e de repente aparece uma estação de Metrô, ambulantes, linhas de ônibus, muito movimento e eventualmente marginais. Imaginou?

Então, agora nós entendemos (Para quem conseguiu imaginar) o que eles entendem por gente diferenciada. Tudo bem, o comentário da psicóloga no artigo publicado em A Folha de S. Paulo pode parecer nojento, no entanto, gente diferenciada foi apenas um eufemismo, e creio que isso não foi bem interpretado pela maioria das pessoas. Não concordo integralmente com a afirmação da psicóloga, mas estou de acordo que nivelar por baixo não é a solução adequada. Parece que agora está na moda destruir os bairros "burgueses" para fazer justiça social.

E tudo alimenta esse completo ciclo vicioso. Ambulantes e marginais existem porque o país, nesse estado, não oferece meios para que as pessoas enriqueçam. E pior, para parecer que fazem justiça, achacam a classe média (Que eles chamam de ricos).

O resultado desse nivelamento por baixo todos podem ver: O Centro, a Avenida Rebouças, Bom Retiro... E é isso, no fundo, que os moradores de Higienópolis temem. E com legitimidade. No Brasil é absolutamente proibido você enriquecer trabalhando, todos querem um naco, e se você não compartilhar, é jogado em vala comum.

Tudo isso é resultado do pobretismo. A humildade do pobre e sua suposta "incorruptibilidade", no entanto, veja nosso congresso! O congresso, os políticos, que tanto criticamos são reflexo da nação. Ou seja, é tudo conversa. Não existe moralidade e ética sem que haja uma elite. E o que é a nossa elite? São os moradores de Higienópolis ou do Alto de Pinheiros? Não, absolutamente não. Elite é a família do Lula, elite são os donos de empreiteiras, elite são os banqueiros associados ao governo Lula. A elite está com o governo federal, e é uma elite de maracutais e manobras políticas, um terreno fértil para o totalitarismo.

O governo petista segue praticamente os mesmos passos de Hitler. Só falta agora escolher o alvo, digo, já está sendo escolhido, como podemos ver.

Mas perguntarão: O que diabos teria o governo petista a ver com Higienópolis? Ora! O PT está por trás de tudo. Sendo do governo, está ligado, por baixo do pano, a várias ONG's e pseudo-ONG's, assim como a pessoas que inflamam esse ódio a que me referi no começo. Todos riem-se, pensando ser isso teoria da conspiração. Mas a história já mostrou os resultados dessa perigosa política há 70 anos atrás. E esse é o rumo da América Latina, de um modo geral, sob a influência do Chavismo e do Foro de São Paulo.

Sim, de certa forma isso tudo está ligado a Higienópolis. E sabe de mais uma coisa curiosa? O PSDB, considerado "direita" pelo PT, e um dos maiores rivais, tem muitos membros importantes morando em Higienópolis, como é o caso do ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Mais uma das muitas tentativas de desestabilização. Onde que isso irá parar?

Att.,
T. R. P.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Técnico II

Finalmente, as brisas de Maio anunciam o inverno próximo. Junto a calmaria do vento que esbarra nas janelas já empoeiradas da sala. Não há mais nada a se fazer sobre as inúmeras horas que se perdem com a distração do complexo. Tudo bem, sejamos mais positivos. Dir-se-ia que são as horas necessárias para te fazer um profissional. A-Ha! Grande farsa.

Tudo o que fizemos, até agora, foi dar voltas, voltas e voltas em torno de nós mesmos... Assim como um cachorro, que persegue a própria cauda. Entre códigos, florestas negras e linhas mal indentadas do código mental, não é possível mais discernir o que está nos adicionando algo ou apenas está desgastando os nossos já sobrecarregados neurônios.

Mais uma hora se passa. Já se acumulam centenas de linhas de cálculos e fórmulas, que, vez ou outra são misturados a uma pequena descontração. Só isso, no entanto, me manteve por tanto tempo privado as minhas preciosas seis horas longe do barulho, das telas brilhantes e do distúrbio progressivo.

Começa uma nova era, a era dos mísseis e torpedos dos celulares, dos posts-bomba, dos tiros twittados. É tudo muito rápido, rápido como o sono tranqüilo inexistente, rápido como tiros de metralhadora, ressoando pelo vasto território virtual.

Aprendendo a trabalhar mais rápido que a rapidez, fazendo dos sites, poderosos tanques de guerra, que esmagam o usuário com seus brilhos mal trabalhados. Este usuário, no entanto, gosta de ser esmagado, ao que parece. Cada vez mais bonecos de ketchup tomam o lugar de um usuário crítico.

Nesse desvio, o vento se torna uma chuva... Uma leve chuva no quintal, vidraça baixada, observa-se as plantas. São onze horas da noite. Em um lapso de tempo, você viaja em um texto, para morrer na rotina. Na rotina do Pascal, na rotina do real. Informatismos que inundam nossas mentes ocupadas de ver o tsunami multimidiático ao invés de notar a beleza as lisas notas da chuva ou do canto dos pássaros na preguiçosa manhã de uma segunda.

Mas para que ouvir os pássaros? O computador pode apitar, não é mesmo?

domingo, 24 de abril de 2011

Motor amoroso

Estive matutando por estas altas horas, e aqui estou, novamente, nestas brilhantes e cansativas letras digitais, escrevendo. Escrevo pois me chama a atenção a questão amorosa. Segundo Daniel, um amigo meu, o amor é uma merda. Concordo plenamente. No entanto, quando estamos fora de qualquer paixão, temos um problema: Um vazio.

Tudo bem, alguns podem dizer que esse vazio pode ser preenchido com conhecimento. Mas não, não há como. Como podemos fazer qualquer coisa sem aquele sentimento de que qualquer coisa que façamos nos torna mais merecedores daquela mulher que amamos?

Enquanto estamos apaixonados, reclamamos, hoje em dia. Afinal, nada é mais sério, nunca há um bom grau de correspondência, e nos deprimimos por isso. Mas nos inspiramos ao ver uma foto da amada. Isso nos dá uma força que, muitas vezes, nem nós percebemos.

Claro, tudo é melhor quando temos a correspondência, mas não podemos desprezar, de nenhuma forma, a força do amor não correspondido. Há quem diga, inclusive, que ele dura mais, pois não sofre o desgaste de uma relação "ativa".

Enfim, é só. Como disse, são mal traçadas linhas, mas não queria deixar isso passar em branco.

Abraços,
Att.,
T. R. P.

sábado, 23 de abril de 2011

Espaço sujo

Mais uma vez, como sempre, sujo o espaço verde desse velho diário eletrônico, depósito de mágoas e outras coisas mais. No entanto, pense... Como podemos nos expressar sem sujar folhas hoje em dia? Tudo é tão expresso. Tudo é tão rápido. Os prazos são tão apertados.

As pessoas realmente acreditam que se o mundo está acessível na palma da sua mão, logo você tem condições de fazer qualquer coisa muito rápidamente. Não pode. Antigamente, quando alguém escrevia, era muito comum consultar muitos livros, e procurar os trechos necessários para a pesquisa neles. No entanto, ninguém levou em conta que, mesmo sendo um trabalho demorado, isso era apenas uma fração do tempo necessário para a escrita. Afinal, precisamos do tempo necessário para transformar o conhecimento e informação contida nos livros em uma linha de raciocínio.

Além disso, muitas vezes a idéia não vem, e você precisa gastar um certo tempo para relaxar a cabeça. E isso não é frescura. Mas todos acham que sim, e então entenderemos porque o mundo anda tão improdutivo.

Pior mesmo é o fato de as próprias pessoas terem a impressão de renderem mais, ao estarem on-line todo o tempo. Mas não estão. Agora, citando o meu caso, estou no MSN sempre que estou sentado ao computador, no entanto, acho inconcebível fazer um logotipo ou preparar um site respondendo em tempo real o MSN. Mas todo mundo acha que é, e acham absurdo quando demoro para responder (Enfim, achavam, hoje todos estão acostumados). Mas isso é reflexo da alta capacidade de distração de nossa geração.

Diziam os nossos avós que, ao se fazer 90.000 coisas ao mesmo tempo, não se faz bem nenhuma. E os trabalhos dos dias atuais costumam apenas ratificar isso.

Pensem.

Att.,
T. R. P.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tecnologia em nossas mentes

Ah, tecnologia. Em muitos dos meus posts me senti forçado a incluir a tecnologia no nível de realidade em que representei o ambiente. Inclusive, relendo posts antigos, escrevi isso em uma carta, direcionada uma pessoa especial para mim, tive a oportunidade de ver os tecnologismos nos quais incorri.

Sou contraditório, posso parecer muito adepto da tecnologia, de seus 'applets', sistemas e códigos, no entanto, sei que não havia nada mais fácil do que uma máquina de escrever. Convenhamos, a máquina de escrever nunca travou, e nunca travará, a menos que haja alguma sujeira no mecanismo. A tecnologia nos pescou, cravou anzóis em nossos desavisados cérebros.

Hoje é muito comum alguém fazer referência a alguma tecnologia ao escrever posts ou no MSN. Pauta nossos assuntos, assusta com o seu avanço, e substitui a religião, com a velocidade com que traz a informação. Entretanto, acho que isso prejudica em muito o lirismo, impactando algo de cunho objetivo em um texto que pretendia ser profundo.

Em suma, a tecnologia não é suficientemente profunda para ser colocada nesse tipo de texto, muitos devem concordar comigo que isso é horrível, mas posto isso só para dizer que acho o mesmo, só não econtrei melhores conotações para substituir os tecnologismos.

Att.,
T. R. P.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O último contraforte do Ocidente

Bom dia, leitores...

Me sinto mal, não mal pelo resfriadinho insignificante, e sim pelo fato de que me emocionei, imaginando o exército fincando uma bandeira Brasileira nos escombros da Rocinha. Mas fiquei mais triste ao me tocar de que isso não acontecerá, e que ri-se da política ocidental. A esquerda ri, todos riem. Quando falei do programa espacial no curso técnico, virei motivo de piada.

Isto é uma nota curta, mas gostaria de expressar o quanto me deixa magoado o fato de sermos tão individualistas hoje em dia. As pessoas penduram símbolos de paz e amor em todos os lugares e pregam igualdade, mas para onde iremos? As pessoas não são iguais, cada um tem uma cabeça. Me sinto destruído nesse paraíso de ratasanas, em que você não pode nem estourar os miolos de um assaltante com uma AK-47. E há quem diga que defender bens materiais é pouco! Quero ver quem vive sem luz e computador hoje em dia. Quero ver.

Att.,
T. R. P.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Técnico

Mais técnico do que o mais técnico cara que conserta o seu computador. Mais técnico do que o pôr-so-dol. Técnico como qualquer coisa chapada... Tanto faz. O fato é que isto parece mais com o fim do mundo, sem ser superficial. O problema não é a internet ser bloqueada ou voltar tarde em si. O técnico tem coisas muito boas, entretanto, é ruim ficar se focando tanto em um objetivo que nem é o nosso.

Atualmente, no Brasil, isso se faz necessário. Você começa se focando, e depois encontra amigos que possam te carregar. É assim.

Me perguntariam, por certo, qual é meu objetivo... Respondo, pois, que é nulo, inexistente. Quero conhecer o que estiver ao meu alcance. O espectro humano é muito maior que uma simples área, que é a informática. Note, não desprezo, muito pelo contrário, mas sabemos que existem preocupações maiores.

Quanto maior o nosso espectro, maior a nossa possibilidade de propor soluções à tais problemas. Mas o brasileiro, entretanto, prefere se focar e ficar preso em um feudo, com 'segurança', do que pensar... Alias, não só o Brasileiro, isso parece ser tendência mundial.

Ao final desse post não sinto a chuva caindo na janela, nem o cansado sol da tarde fazendo-se refletir na tela do velho monitor de tubo, e sim o enjoado ruído do ventilador, aula, aula, aula e aula e estigmas. O tempo é nublado, mas não tão nublado quanto o leve frio que envolve o quarto nas tardes de outono. Isso cansa. E de pensar que reclamamos tanto... Lembre-se da máxima de Murphy: Tudo que é ruim pode ficar pior.

Att.,
Tadeu R. P.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Vendedores de Bananas (e soja)

Mais uma vez, mostro-me aterrorizado. Gostaria de estar escrevendo esse post em Londres. Mas atualmente estou escrevendo-o em São Paulo. Não que não goste da cidade, não gosto é do país, mesmo.

Esse cubículo, vendedor de comodities e bananas, república pré-chavista, ainda insiste em chicotear os seus habitantes. É horrível ter que generalizar os políticos, mas parecem ser iguais, sempre. Eventualmente, são construídos hospitais, escolas, etc... Mas, quase sempre, quem dita o acesso é o Q.I. (Quem indica) e a burocracia, a recorrente e maldita burocracia.

Orgãos aparelhados e inchados detonam os recursos do governo. Nesse meio tempo, Escolas continuam mal equipadas, E.T.E.C.'s ficam dependendo de recursos da A.P.M., você vai na Fundação de Odontologia da USP e não consegue tratamento porque "não há alunos", você não consegue tratamento de ortodontia porque "não há interesse didático", o trabalho intelectual é nivelado à vagabundagem, e os escritores que tentam refutar essa situação são hereges.

Mas para a Imprensa, é tudo colorido e agradável. Pessoas "versáteis", modernas, abertas, mais parecidas com Alphas mantidos pelo Soma ("O Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley"). Ninguém mais arrisca a estabilidade mínima atual falando que o bolsa família é puro assistencialismo populista.

Mas estamos aqui, sem ter dinheiro para o ônibus, tendo que mostrar toda a versatilidade, fazendo dois cursos por dia (alguns até três), e já pensando no vestibular. Todos precisam se focar, não é concebível que alguém conheça assuntos nos mais diferentes campos... Afinal, o super-especialista irá, provavelmente, fazer a tarefa mais atido com o assunto em que foi formado do que alguém que tenha poli-conhecimentos.

E, além do mais, é muito mais fácil pagar um super-especilista, afinal, ele só cobrará pelo servicinho quadrado dele, enquanto a pessoa que pensa irá cobrar o justo por utilizar sua força de trabalho (Sim, o cérebro é uma ferramenta) para fazer o melhor possível. Mas o "melhor", não parece ser mais necessário.

A alta experiência parece ser ridicularizada, e só conta se vier com um mestrado junto. Mestrado em [imagine a matéria mais ínfima da faculdade]. Estou farto. Se tivesse como, deixava esta terra de índios esquerdistas, vendedores de bananas e "amigo" (Imagine um sotaque sulamericano).

Tenham uma boa noite, e deixem esta terra devastada antes que seja tarde demais. Se isso não começar com a Dilma, será algum outro populista.

Att.,
T. R. P.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Reforma

Boa noite, leitores.

Já faz algum tempo que devo a mim mesmo, e também a vocês uma reforma neste blog. Não revelarei o que será feito, por enquanto, e também acredito que ninguém queira saber de suspense por aqui. Mas digo isso apenas porque não planejei nada sobre a reforma. Isso é necessário, entretanto. Porque sabemos que se na natureza o mar se encarrega de esculpir as pedras, na World Wide Web os designers, webmasters e blogueiros se encarregam de esculpir seus monumentos e textos digitais (Há um certo exagero em comparar o Flash com um monumento em pedra, mas foi apenas para explicar).

Estamos aí.

Att.,
T. R. P.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Objetividade

Sim, objetividade. Hoje as pessoas são assim, objetivas, imediatas. Nem acho que isso vá mudar tão cedo, mas queria deixar registrado mesmo assim, para que pelo menos saibamos o que perdemos em meio a isso.

Objetividade é um mecanismo simples de pensamento. Digo, um primeiro plano. Nesse plano está contido desde a escolha da barra de cereal, de manhã, atè a escolha de um curso que você quer fazer, se focando em um objetivo. Exemplo: "Estou sem dinheiro, marketing está dando dinheiro, portanto, farei marketing. ".

Nós perdemos com isso, as pessoas não fazem cursos ou faculdads para estudar e acumular conhecimentos sobre o mundo, elas preferem simplesmente viver suas vidas. Afinal, todos sabem que assim é muito mais confortável do que se matar tentando solucionar um problema de lógica. Por mais incrível que hoje possa parecer, isso é muito aceito hoje em dia, pois aqui é a terra do culto ao especialista.

E então, todo esse conhecimento fica fragmentado entre várias pessoas, e quando várias executam tarefas muito específicas, vai ficar meio difícil escolher alguém para liderar, afinal, qualquer um que seja escolhido, entenderá apenas de suas áreas. Resumindo: Será o completo fim dos "faz-tudo"'s das humanas (que, em certos casos, sabiam até um tanto de exatas). E, em contrapartida, surgirão apenas operadores do dia-a-dia, incumbidos da heróica (Me recuso a adotar o novo acordo) tarefa de desempenhar suas funções.

E os "faz tudo"'s restantes estarão por trás disso, pensando no suposto bem e uniformidade humana, assim podem deixar que o serviço de "zumbização" continue.

O problemas é justamente que, se isso é feito sem liderança, como cada especialista vai saber onde ele é necessário?

A objetividade também se aplica aos pensamentos rápidos, tais como "vamos beber uma cerveja?". Alias, os pensamentos do dia-a-dia são objetivos. Ok, todos nós sabemos que ninguém vai colocar Aristóteles ou Platão no meio disso, pois, como sabemos, quem tem casa/apartamento precisa constantemente pagar as despesas e comprar comida, e, certas vezes, verificar as contas.

Todas essas tarefas não são complexas, mas se tornam com a nossa péssima educação.

E o aftermath é o mesmo: Continuaremos burros e objetivos, e... Mesmo sendo corporativistas, sempre, alguma hora, vamos perceber que só se vence a zumbização com estúdio. Ao ver isso, já é tarde.

Boa noite,
Att.,
Tadeu

22 de Janeiro de 2011
São Paulo, Capital

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tempo limite

Do alto da Ponte Eusébio... Do nascer do sol até o cair da noite. O vento tênue varre a poeira de forma precária de cada um dos ônibus e carros parados em uma tétrica seqüência, que combina irracionalidade com a falta de perspectiva de algo melhor. E então, o último raio de luz bate, deixando lugar à Lua, que teima em aparecer antes que nossa grande estrela incandescente se esconda de nossos horizontes para iluminar o dia e outros cidadãos.

O dia termina, deixando pessoas em suas casas, para alimentar um ciclo interminável, lutando contra o abafado sono, e quase amordaçado pela rotina diária. Nesse meio, em que o corporativismo impera e que prevalece o Q.I. (Quem indica), não há nada a ser feito, que não seja observar o lento passar das horas através de um sujo visor, que, há horas, o acompanha, sob suor e partículas suspensas. Tão suspensas, que certamente poderiam suspender a qualquer pessoa de sua rotina, tendo que tomar remédios para conseguir ao menos respirar.

E da janela de um ônibus, que pode ser, com justiça, de caminhão de gado. Na nossa mania de ser Livestock, está um conformismo brasileiro. E enquanto isso imperar, as partículas em suspensão vão continuar congestionando nossas vias aéreas, já emparedadas de dióxido de carbono. E mais um dia começa como terminou. Dentro da caixa de papelão sobre pneus, compactado feito fardo de algodão prestes a ser carregado em um trem.

Att.,
T. R. P.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Patrulha da madrugada

É, parece que não tem horário melhor para escrever. De dia não dá... É muita agitação, muita gente proferindo milhares de palavras de comando na minha orelha. Afinal, todo o "moleque" deve "fazer alguma coisa". Daí, se demorar...
- Ô, moleque, não ajuda em nada mesmo.

Não respondo, volto, abro um jogo, e fico dando golpes de lança no meu tempo, enquanto eu deveria estar lendo. Mas o fato é que não estou muito afim de fazer isso durante o dia... Tudo bem, tenho um amigo meu que tá em situação pior, em relação à paz no recinto. Mas, de dia, não faço nada que demande muita importância só pra mim.

Dessa forma, me tranco no meu quarto... 5h da madrugada. Hora de dizer algo, mas o quê? Nada. Muitos lêem o blog do raiozinho, mesmo que esporadicamente. Alguns vieram para ler e xingar muito no Twitter, outros vieram só para ler, outros vieram para olhar. Gostaria de agradecer à essas pessoas por fazer meu "trabalho" valer à pena.

Em algumas vezes, inclusive, as pessoas tem conselhos úteis. Nunca podemos deixar de prestigiar o trabalho da crítica.

Mas desse nada, citado no parágrafo anterior, saem textos como esse. De vez em quando eu gosto de mandar um sinal de vida para quem lê o blog, e faço questão de que ele seja minimamente bem escrito, porque eu sei que eu não falo com macacos. Ou seja, é isso, no final das contas, que eu eu venho fazer aqui às 5h.

O sinal de fumaça está dado... Preciso mandar um mensageiro ou posso finalmente dormir? Ok, já que o Blogger não responderá isso por mim, eu vou escolher a opção mais óbvia. Dormir.

Att., T. R. P.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Texto mal formulado

Aqui está mais um texto, passado diretamente no editor de Blogger, nem tive o cuidado de passa-lo no meu antiquado Word 6. Confesso que não tive paciência para escrever nada até que eu ficasse no meu quartinho, ouvindo música e tendo idéias à partir de minhas conversas via Messenger.

Um leitor reclamou do meu pouco volume de artigos. De fato, reconheço, posto pouco. Porém, já falei de quase tudo que me incomodava, tanto diretamente, quanto indiretamente. Se eu delinear mais algo aqui, tenho quase impressão de que será um texto redundante (Este provavelmente será, também), mas, para diferenciar um pouco, vou comunicar algo um pouco diferente do meu radicalismo usual:

Estou no mundo do "intelectual" Datena. Acho que é difícil de se ter uma dimensão em o quanto isso me deprime. Mas estou aqui, vivendo minha vida, indo para um colégio novo. Queria começar de modo diferente, e mandar um abraço, abraço antecipado... para os alunos do Guaracy Silveira. Não quero conflitos, não quero confusões, lutas por nacos. Quero apenas pensar. Pensar. Escrever. Eu quero ser uma antena de minha civilização.

Hoje não há muito espaço para isso, mas estou disposto a apostar minhas fichas nisso, e não mais em rusguinhas de colégio, e entrar nesse ano sem ressentimentos passados, e sem previsões de problemas futuros.

P.S. para um amigo meu: Amar e ser amado é a melhor coisa do mundo, talvez, mas não deixe que isso leve sua consciência, pois o mundo não consiste só nisso, como você mesmo deve saber, e de qualquer forma. Sorte, força!

Obrigado.

Att,
T. R. P.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Retrospectiva rápida de 2010, 2011 & Cidade

Olá, leitores.

Realmente, como podem constatar, faz muito tempo que não escrevo aqui. Ninguém deu pela falta, também... Já faz duas semanas que o nosso ilustre 2011 chegou, trazendo poucas novidades em relação à 2010, tirando o novo Belzebú de Saias e sua equipe de malfeitores, que veio substituir a equipe de malfeitores anterior. Meus amigos "não-politizados" perguntam "E daí? Ela não pode fazer um bom trabalho? " ou então dizem que não querem discutir isso, mandando logo um emoticon ":S" no final, indicando um profundo incômodo. Visto isso, não vou longe em falar de política, não vale mais à pena.

Sobre 2010, posso dizer que foi um ano bastante conturbado. Foi o ano em que tive que arcar com diversar escolhas que fiz. Foi, sem a menor sombra de dúvida, o ano que mais me ensinou coisas. Quando coloco-me para pensar nos erros, uma luz vem, da janela, em que, outrora, estivera escuro. Envergonho-me de muitas coisas escritas aqui, pintadas com uma veemência, com uma raiva, sem precentes, e que, no final das contas, resultou em um grande, como dizem na internet, FAIL.

Pois se existe algo que se aprende rápido quando se é jovem, é que não é possível mudar as pessoas, mas elas mudam mesmo assim, expostas à radiação de um sol, o sol do mundo delas, o pequeno sol que apenas elas vêem. Entendendo isso, chega-se à conclusão de que este blog representou o quartel do exército de um homem só. O homem que olhou, à luz do luar, e do quente sol do meio dia, indescências de pessoas que apenas pensam em seu pequeno existir, o que lhes satisfaz completamente.

Não me extendo, já publiquei uma carta pública pedindo desculpas. Me sugeriram estilos de texto, me sugeriram técnicas. Não me comprometo, entretando, a segui-las. Cada um tem seu jeito de escrever. Assim como um escritor do romantismo difere de um do arcadismo, o mesmo se aplica aos blogs, guardadas as devidas proporções. Por exemplo: Meu estilo, sentimentalista, humanista, não combina com o estilo despreocupado e atirado do blog "Ato ou Efeito" e nem com o jeito humorista e interneteiro do "Nãointendo"(SIC).

2010 passou assim, do ponto de vista desse blog. 2011, vai ser pior. Vai ser um vazio na comunicação. Escrever em público implica responsabilidades, entre as quais arcar com comentários e ataques de pessoas que não concordam, sendo assim, à partir de agora, vou ser tão arroz e feijão quanto a minha "flexibilidade ideológica" permitir. Pois é bem verdade que todos odeiam o Sarney, mas, como sabemos, as pessoas criticam a figura, e não o problema que está por trás dela (No caso do Sarney, coronelismo). Hoje as pessoas não vão além, e quem vai tem que se equiparar à quem não vai. Essa tendência não mudará nos próximos tempos. E, à medida que ela não mude, espere menos textos aqui.

Quanto à cidade, digo que fico um tanto triste com o jeito que ela é tratada hoje. A imagem que aparece inicialmente é daquela capital com orgulhosos habitantes. Mas o que se revela, na verdade, aos nossos olhos, é uma capital de terceiro mundo, desolada, revestida de concreto, cortada por rios poluídos, crivada de favelas em seus limites de urbanização (Não, Heliópolis não é urbanizada, chama-se, necessariamente, favela), milhares de carros soltando muito óleo, o qual respiramos junto ao "ar nosso de cada dia".

O que fizeram com o centro? O que fizeram? Embora a Paulista ainda faça parte do coração da Cidade, gostaria muito de ver o Centro da Cidade como área comercial. A especulação imobiliária cuidou para que isso não fosse possível por muito tempo. Visando vender mais e mais, montaram áreas fantasmas, lotaram de prédios. Algumas deram certo, como a Paulista, outras deram errado, como a Berrini. O problema do Centro é que as novas empresas se dirigiram para áreas de alta especulação, e o Centro estava sendo deixado pelas firmas naquele momento. Todas as atenções estavam direcionadas para os novos locais, com prédios modernos, infraestrutura de última geração, etc... (Embora, na Paulista, o Metrô só tivesse chegado em 91), e nesse meio tempo o Centro foi ficando abandonado.

Tudo bem, talvez esta teoria esteja meio falha, mas um fato é que essa deterioração se deve, também, ao pouco sentimento das pessoas que moram em São Paulo. Aqui é um centro econômico, portanto as pessoas daqui só trabalham para fazem sua vida, comprando seu carro e seu celular, não lhes importa que o Centro seja bonito, quando passam lá, não observam os grandiosos prédios do século passado, não comtemplam mais os prédios oficiais de um tempo em que a arquitetura importava, não, passam lá só para se dirigirem à Santa Efigênia, ou à outros locais. Até entendo que visitar o centro não seja exatamente um grande programa, mas quando for para fazer algo específico, preste atenção na beleza dos edifícios, que mostram o despontar de uma máquina econômica (Embora tenha acelerado pouco, desde aquela época até hoje).

Enfim, é isto. O meu texto deve estar horrivelmente ruim, pois faz tempo que não escrevo, peço desculpas, caso vocês achem isso.

E mais um recado final:

A próxima coisa que devo fazer, é esquecer do computador, ler "Os Lusíadas" (que já comecei a ler) e andar por aí, fotografando a cidade e o bairro, caçando lascas de um passado que não conheci, infelizmente. Talvez, nesse tempo, não houvesse voz para todos, nem para quem vos escreve, mas isso não faria falta, haveriam pessoas confiáveis cuidando do bem geral. Os anarquistas de plantão chamar-me-ão de ingênuo, mas isso é pontinha de uma sociedade que, embora não perfeita, funcionara muito bem.

Abraços,
Pedro Pinheiro